Frequentador assíduo do Pantanal desde 1983, Marcelo de Paulo passou três meses no Mato Grosso do Sul com a mulher e a filha de um ano e meio. O resultado? Muito mais que férias em família.
Fernanda Castello Branco
Marcelo de Paula sempre amou o Pantanal. O cineasta e fotógrafo frequenta a região desde 1983, quando cruzou o Mato Grosso do Sul pela primeira vez. Como apaixonado que é por todo aquele cenário espetacular, tinha um sonho antigo: colocar em um documentário as experiências que tinha vivido por lá. Assim nasceu Pantanal no Ar.
Arquivo pessoal |
Marcelo levou a esposa e a filha Morgana para a expedição
Foram três meses percorrendo o Mato Grosso do Sul mais uma vez, filmando e fotografando a essência das belezas naturais do Pantanal. Como cenário as fazendas da região, a Estrada Parque, a Serra da Bodoquena e as cidades de Bonito, Corumbá, Jardim e Miranda. Segundo Marcelo, uma característica do seu documentário, que deve se transformar em uma trilogia sobre a região, é o enfoque diferenciado. "Pantanal no Ar é uma profunda declaração de amor ao Pantanal, ao Brasil e a nossa riqueza cultural. Nessa primeira parte revelamos a formação da Planície Pantaneira até a atualidade, passando pela história da região com tópicos sobre a Guerra do Paraguai, colonização, gado e turismo", explica.
Em resumo, o que o documentário pretende é ressaltar a relevância biográfica e biológica do Pantanal, que carrega nada menos que o título de Patrimônio Natural da Humanidade e Reserva da Biosfera pela UNESCO, além de estar classificado entre as últimas 37 regiões naturais da Terra.
Em família
Marcelo de Paula passou três meses em um lugar que ama. E muito bem acompanhado: a viagem foi feita em companhia da mulher e da filha Morgana de apenas um ano e meio, que - ele garante - não deu trabalho algum.
"Minha filha já veio ao mundo concebida por uma família de pais e profissionais aventureiros! O turismo na região do Pantanal e na cidade de Bonito estão muito profissionalizados e preparados para receber qualquer tipo de pessoa. Idosos, crianças, deficientes, etc. Os cuidados com a Morgana na região foram os mesmos cuidados que qualquer pai deve tomar em relação a crianças pequenas", conta.
Entre os cuidados listados por Marcelo estão: ir para as trilhas bem cedo, não expor demais ao sol, hidratar ao máximo, cuidados com mosquitos e redobrar a atenção com a presença de animais silvestres e perigos normais desse tipo de região.
"O maior conselho que dou para quem quer fazer o mesmo é quebrar os preconceitos", diz. "É possível criar filhos em ambientes naturais, longe de shopping, playground e fast-food", completa o cineasta, lembrando que, na expedição, Morgana comeu carne de jacaré, caldo de piranha e tomou vários sucos de frutas do Cerrado.
Marcelo acha que, independente da idade, o Pantanal é destino para qualquer pessoa que queira experimentar um ambiente natural brasileiro.
"Você vai dormir numa cama macia de lençóis limpos, com ar-condicionado, vai encontrar banheiros com água quente e ótimas duchas, mas vai também entrar em uma trilha rústica, ver animais silvestres em seu habitat natural, explorar cavernas, fazer safáris em carros abertos no meio da noite e mergulhar em rios de águas cristalinas com vários cardumes à sua volta! Vai suar, se sujar e se emocionar", explica.
Próximos passos
A viagem foi tão boa que Marcelo de Paula já pensa na próxima expedição: o segundo capítulo da região pantaneira - Pantanais do Pantanal. "Não posso parar. Sou muito mais 'selvagem' do que urbano. E o Brasil é o quintal da minha casa!", define.
A segunda etapa desse projeto será novamente em família. "Não tem como não levar a família. A Carla Mendes, minha esposa e sócia na Código Solar, é produtora, editora e faz a segunda câmera em campo. E a nossa proposta de vida é levar a Morgana onde quer que estejamos", afirma.
Mesmo quando a filha começar a estudar, o casal não quer que ela pare de viajar. "Nós estamos até tomando ciência das formas de educar à distância, em cursos ministrados pela ONU. Mesmo quando a Morgana começar a estudar, vamos negociar a sua liberação em expedições familiares profissionais, para que ela aprenda mais in loco", explica.
Mais sobre o documentário
Produzido pela Código Solar Produções, o longa-metragem de 87 minutos é o segundo na carreira de Marcelo. O primeiro foi o premiado Karaja, sobre os índios Carajás da Reserva Indígena da Ilha do Bananal, no Tocantins.
Além das belíssimas imagens, outro destaque do documentário é a trilha sonora, que tem a participação de músicos e compositores tradicionais do Mato Grosso do Sul, como o poeta Emmanuel Marinho, o Grupo Acaba e Gabriel Sater, filho do violeiro Almir Sater.
Para ver Pantanal no Ar nos cinemas o público vai ter que esperar um pouco. "Estamos em busca de parcerias comerciais para levar o filme para os cinemas. Estamos no início das negociações, até porque o filme está inscrito em festivais nacionais e internacionais de cinema e não podemos, ainda, comercializá-lo livremente! Na internet, em breve, vamos colocar no site da Código Solar alguns trechos dos nossos documentários de maior repercussão: Olinda Cidade Cultura; Karaja; Alerta Verde; Navio Veleiro Cisne Branco Uma Embaixada Flutuante e Pantanal no Ar.
Fonte: IG
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