Morar numa região sem atendimento regular de saúde não é fácil. Essa é a realidade de áreas de difícil acesso do Pantanal, onde os postos de atendimento são inexistentes e a visita de equipes de médicos acontece em campanhas fluviais durante o ano. De 2 a 10 de setembro de 2009 acontece uma intervenção de saúde inédita no Pantanal com a participação de várias instituições nas comunidades de Barra do São Lourenço, Porto Amolar, Jatobazinho e Paraguai-Mirim, no município de Corumbá (MS). Esta será a terceira campanha de saúde na região este ano. Mas é a primeira vez que várias equipes de diferentes instituições realizam um trabalho integrado com essas comunidades, onde vivem cerca de 100 famílias. A equipe é composta por médicos, farmacêuticos, dentistas, enfermeiros e agentes comunitários de saúde da criança. A atividade faz parte do projeto “Crianças das Águas – Pantanal: identidade e cidadania”, da Ong Ecoa, apoiado pelo Criança Esperança.
A ação conjunta destina-se as famílias ribeirinhas e dará ênfase ao acompanhamento e tratamento de saúde das crianças. Está programada a atuação de quatro equipes. A Marinha do Brasil utiliza seu barco hospital (NAsH) para realizar as consultas médicas e odontológicas; a Secretaria Municipal de Saúde aplica vacinas nas crianças e adultos; a UFMS oferece palestras educativas e coleta material para exames laboratoriais, que são raros na região (toxoplasmose; parasitológicos, Doença de Chagas e leishmânia). A Ong Ecoa fará a entrega das carteirinhas do Sistema Único de Saúde e atividades de educação com os alunos das escolas do Paraguai-Mirim e São Lourenço. Durante todo o percurso, a entidade realiza o trabalho integrado de coleta de dados com os parceiros buscando aperfeiçoar a cobertura de saúde para as crianças pantaneiras dessa região.
Pelo projeto Crianças das Águas uma ficha de acompanhamento está sendo desenvolvida para auxiliar os atendimentos de saúde para as crianças. Com essas informações em mãos as instituições responsáveis pela saúde poderão conhecer o quadro geral de enfermidades e planejar as prevenções. Já foram detectados em levantamentos prévios da Ecoa e de parceiros a necessidade de promover treinamentos em primeiro socorros, medidas diretas para tratar problemas de cegueira (causa ainda desconhecida), prevenir a hipertensão (que atinge 60% da população de três comunidades), verminoses e desnutrição.
Ainda este ano novas ações serão realizadas pelo projeto Crianças das Águas: a finalização do diagnóstico situacional; atividades continuadas de percepção ambiental nas escolas; a implantação do projeto piloto de uma rádio escola e a formação de agentes comunitários de saúde da criança. Esta é a primeira ação do projeto que envolve os agentes comunitários que serão formados pelo projeto. Estão previstos dois por comunidade. O agente é fundamental para o bom funcionamento do sistema de saúde, pois será a ponte entre os médicos e as crianças. Ele acompanhará o desenvolvimento dos pequenos pantaneiros e realizará ações de prevenção e atendimentos.
Com esta ação integrada para atender os ribeirinhos em Corumbá, o projeto Crianças das Águas busca consolidar um protocolo de ações e informações conjuntas para a saúde com o 6º Distrito Naval de Ladário, o preenchimento das fichas de desenvolvimento das crianças atendidas e o cadastramento de pelo menos 230 crianças no Sistema Único de Saúde.
O projeto “Crianças das Águas – Pantanal: identidade e cidadania”, é executado pela Ong Ecoa, com apoio do Criança Esperança, EGP-IUCN NL, Fundação Blue Moon e, em parceria com a Marinha do Brasil, Secretaria Executiva de Educação de Corumbá, Secretaria de Saúde de Corumbá, Embrapa Pantanal, Ibama (Unidade Regional Corumbá), Parque Nacional do Pantanal, Polícia Militar Ambiental, UFMS, Núcleo de Ecomunicadores dos Matos, Paz e Natureza Pantanal (PNP) e Rede Aguapé.
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