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sábado, 19 de março de 2011

Rio Paraguai subiu mais de um metro em duas semanas

O volume excessivo de chuvas registrado neste início de ano no Mato Grosso do Sul está influenciando a previsão de cheia para o rio Paraguai. De acordo com o Modelad (Modelo de Previsão de Cheia em Ladário), se no dia 31 de março a régua de Ladário indicar altura do rio entre 4 e 5 metros, o pico da cheia poderá variar entre 5 e 6,4 metros.
A informação foi divulgada nesta segunda-feira, 14 de março, pelo pesquisador Ivan Bergier, da Embrapa Pantanal de Corumbá. Segundo ele, ocorrendo este cenário, o pico da cheia deverá ser registrado em abril, provavelmente na segunda quinzena. Nesta segunda, a régua de Ladário indicava o nível de 3,67 metros, uma alta de 5 centímetros em relação ao dia anterior.
Neste ano, choveu em Corumbá mais de 230 milímetros em janeiro, mais de 450mm em fevereiro e 200mm em março, até o momento. "Tivemos uma falta de chuva no final do ano passado e uma chuva muito acima da média neste início de ano", disse Ivan.
Pecuaristas da região de Miranda já estão retirando o gado de áreas mais baixas. A Embrapa orienta que os produtores fiquem em estado de alerta. Cabe ao pecuarista a decisão de manejar o gado com antecedência, pois isso envolve custos. "Pode ser uma ação benéfica. Mas pode acontecer também de a cheia esperada hoje não se confirmar", explicou Ivan.
A Embrapa Pantanal divulgará uma nova previsão de cheia, mais precisa, no dia 31 de março. As informações são da assessoria de imprensa da Embrapa Pantanal.

Sindicato quer Pantanal em estado de emergência

O transbordamento dos rios Taquari e Aquidauana e o grande volume de chuvas em toda a planície desde janeiro deixam o Pantanal de Corumbá em alerta máxima. O Sindicato Rural, com base em relatos dos pantaneiros e dados pluviométricos da Embrapa Pantanal e de outros órgãos, solicitará ao Governo do Estado a inclusão do município no decreto de estado de emergência.
Segundo o presidente da entidade, Raphael Domingos Kassar, fazendas estão ilhadas com a interrupção de estradas e alagamentos de portos e de pistas de pouso de pequenas aeronaves. A situação é crítica nas subregiões da Nhecolândia e do Paiaguás, influenciadas pelo comportamento do rio Taquari, onde as propriedades já não conseguem retirar o gado para as partes altas, não inundáveis.
O escoamento do gado para fazendas ou frigoríficos no Planalto já está prejudicado nos portos Rolon (Taquari) e no Alegre (São Lourenço). Os fazendeiros também não estão conseguindo passar as boiadas na ponte sobre o rio Taquari, na Fazenda Mercedes, entre Corumbá e Coxim, porque a seu entorno está completamente inundado. "A situação é crítica", comunicou o presidente do sindicato.
Calamidade
Kassar disse que a planície receberá toda a água do Taquari, que já inunda a parte mais alta da Nhecolândia. Os fazendeiros preveem uma grande cheia este ano por conta também da alta precipitação pluviométrica que ocorre no município. Em uma fazenda na subregião do Paiaguás choveu 730 milímetros em 60 dias, depois de uma seca que obrigou o dono a construir poços semi-artesianos.
"A bacia está concentrando muita água e os campos, que estavam secos, agora começam a ficar submersos, o que é catastrófico para a pecuária, castigando o gado já enfraquecido", afirmou o presidente. Kassar manteve contatos com a bancada federal de Mato Grosso do Sul pedindo apoio, relatando que a cheia terá efeitos negativos à economia do Pantanal se não houver apoio do governo.
"Temos mais de 1.800 propriedades na planície, que ocupa 95% do território de Corumbá, onde empregamos mais de cinco mil pessoas. Junto com a perda econômica haverá prejuízos sociais com certeza", advertiu Raphael Kassar. "o Governo do Estado não pode se esquecer do Pantanal, também enfrentamos uma calamidade no início da cheia, que vai até julho", completou. As informações são da assessoria de imprensa do Sindicato Rural de Corumbá. Fonte: Diário Corumbaense (www.diarionline.com.br).

Cheia na região do Pantanal já apavora os pecuaristas

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Foto: Paulo Ribas
Fazendas estão ilhadas por conta das enchentes na região do Pantanal
Ilhado, o gado não tem para onde ir. A enchente cobriu estradas, cercas, currais e pontes, ameaçando agora salas e cozinhas das sedes de algumas propriedades rurais. É o que ocorre, por exemplo, com a Fazenda Dois de Maio, próxima ao Rio Taquari, no município de Corumbá. Ali, o gado não tem para onde ir. A pista de pouso e decolagem de aviões também está debaixo d’água.
Ontem, um sobrevoo a 2,5 mil pés de altitude (perto de 600m) feitos pelo monomotor Skylane PT-DST a serviço do Correio do Estado possibilitou ver um retrato do iminente flagelo econômico em algumas áreas pantaneiras. Há um mês o governo estadual anunciava a supersafra de soja. Sucederam-se chuvas e a cheia recorde, e agora a pecuária também está em risco de graves perdas.
O Rio Taquari, do qual não se vê nem sinais de barrancos, está fora do leito em suas retas e curvas, espalhando águas barrentas a distâncias que variam entre um, dois e três quilômetros. Técnicos em hidrologia, pesquisadores e fazendeiros constataram este mês a mais rápida subida dos rios desde 1974, quando ocorria a primeira grande cheia após o ciclo da seca, iniciado em 1963 e que durou dez anos.

Cheia obriga interdição da Estrada Parque

A chuva deu trégua, mas nos últimos dez anos, os pantaneiros já acostumados com as cheias não se lembram de ter visto algo parecido. São três acessos ao Pantanal, dois estavam interditados há mais de uma semana e hoje a Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos (Agesul) interditou um trecho de 33 quilômetros da Estrada Parque Pantanal Sul, a única que ainda dava acesso aos pantaneiros.
Foto: Paulo Ribas
"Lá é um areião bravo. Tem lugar que são 40 centímetros de água, optamos por interditar para evitar acidentes e mais atolamentos. Hoje foram dois caminhões atolados, amanhã poderiam ser meia dúzia. Não temos condições de manter um trator lá", explica o diretor-executivo da Agesul, de Corumbá, Luiz Mário Anache.
Do Rio Miranda até a Curva do Leque (MS-184) só ficou possível passar a cavalo. A última chuva forte na região foi no domingo (13) e há previsão de que a inundação aumente, já que as águas dos Rios Taquari, Aquidauana e Miranda estão descendo em direção à estrada e deve voltar a chover forte no fim de semana, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
"O problema agora é bem mais grave do que a gente possa imaginar; como proprietário da região, o que não queria era isso. Como que fica agora para levar a subsistência para a região? Não só do Passo do Lontra, mas da Nhecolândia. Ficou tudo isolado, até as pistas de pouso estão cobertas de água", analisa João Júlio Dittmar, 65 anos, médico, criador de gado e pantaneiro desde os 5 anos de idade.
Mas o Pantanal é uma planície alagada, que tem períodos de cheia todos os anos. Seria normal se não fosse a velocidade e intensidade com que aconteceu dessa vez. "A água chegava devagar, a pastagem do Pantanal, o felpudo, cresce acima da água e o gado sai para pastar com água pela barriga, mas esse ano não sobrou parte seca para o gado voltar e a água ultrapassou o crescimento do pasto", conta João Júlio.
Corte de gastos
Na segunda-feira (14), o prefeito de Campo Grande, Nelson Trad Filho, e o governador André Puccinelli, fizeram reunião com a bancada federal do Estado para falar sobre os prejuízos causados pelas enchentes em Mato Grosso do Sul e na ocasião, afirmaram que devem cortar investimentos previstos em orçamento para poder destinar a recuperação de pontes e estradas vicinais.
"O Estado não está preparado para isso. Estou chamando de tsunami pantaneiro, o volume de água que chegou foi muito grande. Há uns 4 dias atrás aumentou o volume de água de 12 a 15 centimetros em 24 horas. A solução para isso seria ter feito com antecedência estradas adequadas, completar a Transpantaneira e investir em estradas vicinais. Tem gado pronto para embarcar nos Boieiros em Corumbá, mas precisa ter um ponto de acesso para chegar até lá", aponta o pantaneiro João Júlio.
Outras áreas
O perigo do isolamento é evidente. Neste sábado (12) uma família foi resgatada pelos bombeiros de Bataguassu. Leima Aparecida Ferreira, 49 anos, a amiga Maria Glória da Silva, 58 anos, o peão Jorge Cândido da Silva, 48 anos e uma criança de 2 anos de idade ficaram presos por uma semana na Fazenda Lageado e tiveram que pedir socorro por celular porque já estavam sem alimentos. Conseguiram ser resgatados de barco até Santa Rita do Pardo.

sábado, 12 de março de 2011

Pantanal Matogrossense

Pantanal agredido

O fenômeno do efeito sanfona gradualmente se torna mais e mais extremo, com grandes enchentes e prolongado secamento de leitos de rios, corixos e baias. Tanto numa quanto noutra situação o homem pantaneiro sofre duras consequências.
O que estaria por trás das mudanças climáticas que interferem naquela área? Não há resposta consistente que aponte somente uma causa, mas todos os estudos sobre o tema tem algo em comum: sugerem que a ação do homem no entorno do Pantanal Mato-Grossense e do Chaco tem responsabilidade pelo agravamento da estiagem e o excesso de água.
Indefeso, o Pantanal Mato-grossense sofre seguidas agressões ambientais rurais e urbanas, de toda a ordem. O resultado é a reação da natureza com suas secas e enchentes. Esse fato não desperta grande atenção porque sua face mais aguda se revela numa região praticamente desabitada e de difícil acesso.
A conurbação de Cuiabá e Várzea Grande com seu entorno, o polo regional de Rondonópolis e a área de influência de Cáceres, além de densamente habitadas respondem por importante parcela da produção de soja, milho safrinha e algodão, e pela base da indústria sucroalcooleira. As águas desses municípios drenam para os rios pantaneiros carregando esgoto e uma pesada carga de agrotóxico das grandes lavouras mecanizadas que se espalham pelos municípios da Bacia do Rio Paraguai, que é o principal formador da imensa planície do Pantanal Mato-grossense.
O grande passivo ambiental na Bacia do Rio Paraguai desafia autoridades e, mesmo com a entrada em vigor da legislação que estabelece zoneamento para o cultivo da cana, existem gargalos causados pelo desmatamento ciliar e a desordenada ocupação urbana. Esses fatos provocaram assoreamento e mudanças de leitos de rios, desequilíbrio no meio ambiente e mantém em curso um processo de mutação de imprevisível desfecho.
Na fase mais aguda da estiagem a Baia de Chacororé foi duramente atingida, causou mortandade de peixes, afugentou répteis, animais e aves aquáticas. Agora, com o Pantanal Mato-grossense transbordando, pecuaristas da região já providenciam transferência de gado para as partes mais altas conhecidas por “Morrarias”. Efeito sanfona é a complementação do que ocorreu no ontem com o que se verifica agora.
Ninguém sabe até quando o Pantanal Mato-grossense suportará os extremos da reação climática. De domínio público é a agressão contínua que aquela região sofre, sem que as autoridades federais, do Paraguai e Bolívia, dos dois estados e dos municípios em sua bacia façam algo de concreto em sua defesa.

Araras apreendidas do tráfico de animais são devolvidas à natureza no Pantanal mato-grossense

O veterinário e chefe do Núcleo de Fauna e Pesca do Ibama, Cesar Soares, explica que estas aves foram apreendidas no estado de São Paulo e submetidas a exames e processos de reabilitação para poderem regressar à natureza. O custo para a recuperação de cada animal é alto. “Só para os exames, são gastos em média R$ 700,00 por animal, isso sem falar em alimentação e etc.”, conta.
A soltura das araras faz parte do projeto Asas (Áreas de Solturas de Animais Silvestres). Esse programa é fruto de uma parceria entre o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) com ONGs e propriedades privadas, neste caso a Pousada Araras Pantanal Ecolodge – onde os animais foram soltos.
Soares explica que o programa só consegue ser viável graças a essas alianças. “Só o Ibama não conseguiria arcar com essas despesas, por isso a parceria com essas ONGs é fundamental”. As aves soltas nesta manhã na Araras Pantanal Ecolodge, por exemplo, foram recuperadas no Parque Ecológico do Tiete e trazidas de avião para MT.
O proprietário da Araras Pantanal Ecolodg, André Thuronyi, lembra da importância de diferentes setores da sociedade estarem engajados no projeto. “É importantes ressaltarmos a presença do governo federal, por meio do Ibama, das ONGs e das propriedades privadas. Sem falar da participação dos turistas, que vêm visitar e podem deixar doações para ajudar a manter as aves”.
Para Thuronyi, a conscientização da população local, da região de Poconé, também é crucial para o bom andamento do projeto. “Isso precisa chegar na população daqui para que eles não peguem os animas de volta, nãos os coloquem de novo no cativeiro, não os machuquem”.
Cesar Soares explica que o Ibama esta também desenvolvendo um projeto de educação ambiental para as escolas da região para evitar que essas aves sejam vítimas novamente. “As vezes o próprio morador daqui da região pega uma ave desta e vende por uns cinco reais para alguém que vai e faz o tráfico”.
Essa não é a primeira vez que o projeto Asas solta aves na Pousada Araras Pantanal Ecolodge. Naquela área já foram devolvidos à natureza 98 papagaios verdadeiros, 24 araras canindés e piriquitos