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sábado, 12 de março de 2011

Pantanal agredido

O fenômeno do efeito sanfona gradualmente se torna mais e mais extremo, com grandes enchentes e prolongado secamento de leitos de rios, corixos e baias. Tanto numa quanto noutra situação o homem pantaneiro sofre duras consequências.
O que estaria por trás das mudanças climáticas que interferem naquela área? Não há resposta consistente que aponte somente uma causa, mas todos os estudos sobre o tema tem algo em comum: sugerem que a ação do homem no entorno do Pantanal Mato-Grossense e do Chaco tem responsabilidade pelo agravamento da estiagem e o excesso de água.
Indefeso, o Pantanal Mato-grossense sofre seguidas agressões ambientais rurais e urbanas, de toda a ordem. O resultado é a reação da natureza com suas secas e enchentes. Esse fato não desperta grande atenção porque sua face mais aguda se revela numa região praticamente desabitada e de difícil acesso.
A conurbação de Cuiabá e Várzea Grande com seu entorno, o polo regional de Rondonópolis e a área de influência de Cáceres, além de densamente habitadas respondem por importante parcela da produção de soja, milho safrinha e algodão, e pela base da indústria sucroalcooleira. As águas desses municípios drenam para os rios pantaneiros carregando esgoto e uma pesada carga de agrotóxico das grandes lavouras mecanizadas que se espalham pelos municípios da Bacia do Rio Paraguai, que é o principal formador da imensa planície do Pantanal Mato-grossense.
O grande passivo ambiental na Bacia do Rio Paraguai desafia autoridades e, mesmo com a entrada em vigor da legislação que estabelece zoneamento para o cultivo da cana, existem gargalos causados pelo desmatamento ciliar e a desordenada ocupação urbana. Esses fatos provocaram assoreamento e mudanças de leitos de rios, desequilíbrio no meio ambiente e mantém em curso um processo de mutação de imprevisível desfecho.
Na fase mais aguda da estiagem a Baia de Chacororé foi duramente atingida, causou mortandade de peixes, afugentou répteis, animais e aves aquáticas. Agora, com o Pantanal Mato-grossense transbordando, pecuaristas da região já providenciam transferência de gado para as partes mais altas conhecidas por “Morrarias”. Efeito sanfona é a complementação do que ocorreu no ontem com o que se verifica agora.
Ninguém sabe até quando o Pantanal Mato-grossense suportará os extremos da reação climática. De domínio público é a agressão contínua que aquela região sofre, sem que as autoridades federais, do Paraguai e Bolívia, dos dois estados e dos municípios em sua bacia façam algo de concreto em sua defesa.

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