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sábado, 27 de novembro de 2010

Ecoturismo no Pantanal


Somente a partir da década de 80 é que o turismo apresenta-se como alternativa econômica no Pantanal. A crise da pecuária e a construção de infra-estrutura, em especial, acessos e hoteleira, no interior do Pantanal forneceram as condições para o crescimento da atividade.
 
A região possui atrativos excepcionais para o turismo de natureza. Atualmente, algumas áreas no estado de Mato Grosso tornaram-se pólos turísticos importantes, como os municípios de Poconé, Cáceres e Santo Antonio do Leverger. O desenvolvimento do turismo em moldes controlados torna a atividade um importante aliado para a conservação dos recursos naturais do Pantanal, bem como uma alternativa econômica importante para a população local.
 
A Estância Ecológica SESC Pantanal estabeleceu entre os seus objetivos o desenvolvimento do ecoturismo, consciente do potencial de conservação dos recursos naturais e alternativa econômica para a população local que a atividade apresenta. Algumas ações no interior e no entorno da reserva, nesse sentido, já foram implantadas.
 
A principal delas foi à implantação do Centro de Interpretação Ambiental (CIA) como porta de entrada do visitante do SESC no Pantanal. Por ser um centro multimídia de interpretação, o CIA possibilita ao visitante um entendimento preliminar da planície pantaneira e de suas dinâmicas ambientais.
 
O SESC Pantanal construiu ainda um borboletário, com espécies da região. Acoplado ao CIA, possibilita ao turista contato com as borboletas em recinto telado. Para estabelecer quais espécies seriam utilizadas foi feita uma avaliação das borboletas da RPPN e do entorno.
 
Esse projeto apresenta uma dimensão social importante, por disseminar entre a população do entorno as técnicas de criação das borboletas. Os exemplares criados são adquiridos pelo SESC e transformam-se em uma fonte adicional de renda para os moradores envolvidos, os quais organizaram sua associação independente. Atualmente, o fornecimento de borboletas para outras instituições já está expandindo-se e criando condições para expansão do fornecimento de borboletas como alternativa econômica.
 
Ampliando os horizontes da interpretação ambiental também foi incorporado um formigueiro de saúvas em atividade. Com isso, é possível entender como essas formigas usam os recursos ambientais e seu sucesso evolutivo.
 
A visitação da RPPN estabeleceu-se tendo como eixo o rio Cuiabá. Os visitantes do hotel efetuam percursos em barcos nos limites da Reserva entrando em seu interior por cerca de 2 km através dos corixos, Moquém e Conchas. Além dos passeios com barcos a motor, foram implantadas três trilhas para percursos a pé. A do ninhal, da Moranguinha, é a mais visitada, sobretudo no período seco,  quando ocorre o pico reprodutivo das aves. Inicia-se na barranca do rio Cuiabá e extende-se por cerca de 2km até o ninhal. Cerca de 6.000 pessoas utilizaram essa trilha em 2004. Ela desenvolve-se principalmente no interior de mata, às margens de um corixo do rio Cuiabá. Em seu final existe uma torre de madeira com cerca de 6m de altura para visualização das aves em seus ninhos na mata ciliar da baía da Moranguinha. Dali também é avistada a vegetação arbustiva e campestre das margens do Riozinho até os cambarazais da outra margem desse corixo.
 
A segunda trilha é a do Tamanduá-mirim, cruzando a mata ciliar do rio Cuiabá e entrando na vegetação arbustiva e campestre da planície do rio até encontrá-lo novamente mais à frente. Os visitantes são deixados e apanhados por barcos a motor. Como no caso da trilha do ninhal, aberta exclusivamente no período de baixa das águas.
 
A terceira trilha, denominada das Figueiras, cruza ambientes semelhantes a do Tamanduá, sendo de menor extensão.
Uma quarta trilha foi criada em 2005 – a do Tatu – com saída terrestre do Hotel, com o visitante caminhando cerca de 1300 metros sobre palafitas. A principal atração são os macacos presentes em grande quantidade nas baías e matas da região.
 
A região entre o porto Biguazal e o posto Espírito Santo, incluindo aí o corixo Riozinho, recebeu visitação rotineira entre 1998 e 2000. Tornada ocasional e restrita ao período de cheia a partir de então, em 2005 voltou a ser uma opção de passeio oferecida aos visitantes da RPPN. Feita inicialmente de barco a motor até o posto Espírito Santo, o objetivo é torná-la a porta de entrada de circuitos mais amplos na região do posto ou de outras áreas da reserva.
 
O programa Pantanal Inundado, iniciado em 2005, põe o visitante no interior da RPPN e está baseado na diferença de nível das águas ao longo do ano e seus efeitos sobre as comunidades naturais. Tem como ponto de apoio o posto Espírito Santo e usa as respostas da flora e da fauna local ao sistema estacional de inundação do rio Cuiabá como guia condutor da interpretação ambiental. Tanto na cheia, quanto na vazante, a visitação do Riozinho e da baía do Embauval será conduzida em barco a motor. Após a baixa das águas, serão utilizados cavalos e veículos motorizados, tão logo as condições do terreno  permitam o deslocamento. Duas vias de acesso são possíveis para essa visitação. Na primeira delas,  no período de cheia, entra-se na RPPN pelo porto Biguazal e segue-se a estrada de mesmo nome até o Riozinho. Na segunda via, para o período de vazante, o visitante caminha desde o rio Cuiabá até o ninhal da Moranguinha na trilha de mesmo nome e continua a pé até o Riozinho, onde um barco conduz a visitação do corixo e da baía do Embauval. É um percurso total de 5km e recomendável a pessoas com bom preparo físico.
Ao redor do posto Espírito Santo estão propostas trilhas de visitação guiada. A primeira  será feita a cavalo e usa um trecho da estrada do posto em direção à Melgueira, nome da área do entroncamento com a estrada do Moquém. Após  percurso de 4 kms ao longo da interseção entre o cambarazal e as áreas mais altas, a trilha entra na mata seca do Espírito Santo e retorna ao posto pela estrada de Santa Luzia. Adiciona outros 7km ao trecho inicial e possibilita o visitante conhecer ambientes estacionalmente alagados e outros onde a água de inundação nunca chega.
 
A segunda trilha é a das mulateiras, com circuitos alternativos. O primeiro deles, a ser executado a cavalo, sai pela estrada de Santa Luzia até o início da mata do Espírito Santo. Nesse local, deriva para leste e nordeste, passando pelo antigo cemitério da época da fazenda, pelas antigas roças de posseiros e pela mata com adensamento de mulateiras (Albinizia niopiodes) entre o posto e a divisa da RPPN.
 
O retorno ao posto pode ser feito pela antiga estrada da posse do Zé Gomes ou pelo aceiro até a porteira do Retiro, quando pela estrada do mesmo nome volta-se ao posto. Como na trilha anterior, percorrem-se ambientes estacionalmente inundáveis. O ramal mais curto é de cerca de 6km, enquanto o retorno pela estrada do Retiro soma 9km. Usando-se a antiga estrada do Zé Gomes e a estrada do Retiro, o percurso tem 4km, podendo ser feito a pé no período da seca. Esse circuito menor é recomendável para a observação de aves aquáticas e aves dos ambientes terrestres pantaneiros, bem como macacos, quatis e outros mamíferos.
 
Para implantação nos próximos anos na RPPN do SESC-Pantanal estão indicados alguns novos circuitos. Eles nasceram dos resultados das diversas pesquisas e da experiência do pessoal da reserva ao longo dos anos.
 
Região norte da RPPN. A partir da extensão do circuito do Pantanal Inundado/Pantanal seco, cobrindo o eixo da estrada do posto Espírito Santo até o posto São Luís. Nesse trecho desloca-se entre regiões estacionalmente muito inundadas, como os cambarazais do posto Espírito Santo e do corixo do Jiló até os cerrados e cerradões sem inundação ou virtualmente fora delas do entorno do posto São Luís. A partir do posto, em direção a leste pela estrada até o posto Santa Maria, entrando a meio caminho para a zona de recuperação da Catraca. Nesse local é possível avaliar a atividade de substituição de cordilheiras e matas por pasto plantado, feito antes da criação da RPPN e prática disseminada no Pantanal nas últimas décadas, bem como o processo de recuperação da vegetação nativa.
 
Depois da zona de recuperação da Catraca, chega-se ao aceiro norte até a região do dormitório de araras-azuis da mata de Santa Maria. Uma torre a ser construída com 8 metros de altura, colocada estrategicamente na rota principal da chegada vespertina das araras ao dormitório, permite visualizar o vôo dessas aves até a região de dormida. Pela distância, também é possível escutá-las naquela que é a maior concentração de araras-azuis em condições naturais conhecida nos vales dos rios Cuiabá e São Lourenço.
 
O percurso prossegue pelo aceiro norte até o posto Santa Maria, às margens do rio São Lourenço, onde será feito o pernoite. O retorno será feito pela estrada do posto Santa Maria até o posto São Luís, prosseguindo para o posto Espírito Santo e porto Biguazal. Esse passeio poderá ser feito a cavalo ou charrete na temporada de chuvas ou, optativamente, por veículo na estação seca.
 
Rio São Lourenço/mata do Bebe. Percurso com barco a motor a partir do posto Santa Maria até a área de administração do Bodoque. Desse local ao posto Santo André, feito por terra, através da estrada do Bodoque e cruzando a mata do Bebe até chegar ao posto. O retorno será por terra até o posto São Luís e desse ao porto Biguazal. O percurso terrestre feito com cavalos ou charretes na estação de chuvas ou, optativamente, por veículo na estação seca.
 
No rio São Lourenço, além da mata ciliar contínua, será feita uma parada na instalação da Locomóvel para uma visita à instalação. Posteriormente, no retorno ao posto São Luís, haverá uma parada no canal aberto para levar as águas até a quilômetros do rio. No percurso terrestre também será cruzado o corixo do Bebe, atualmente seco, quando os visitantes poderão receber informações sobre a história do mesmo.
 
Circuito do posto Santo André/rio São Lourenço. Iniciando-se no posto, esse circuito dirige-se para a porteira da reserva indígena Perigara, de onde volta-se para leste pelo aceiro sul da RPPN até chegar ao rio São Lourenço na área de administração do Bodoque. Retorna ao posto pela estrada do Bodoque e possibilita ao visitante conhecer a mata do Bebe, bem como o corixo de mesmo nome, atualmente seco.
Rio Cuiabá. Percursos feitos de barco a partir do hotel SESC Porto Cercado, até o porto Biguazal ou ao corixo do Moquém. Nesse último corixo, entrada com barco pequeno a motor ou remo até 2 km de sua foz.
 
Esse roteiro de visitação terá uma expansão para o porto Estirão e posto São Joaquim. Tendo por base o porto Estirão, será possível prosseguir com o passeio até o limite sul da RPPN, abaixo do Ribeirão. Esse braço recente do rio Cuiabá está em expansão e possibilita ao visitante entender um rio de planície da planície pantaneira e sua contínua alteração de curso ao longo do tempo. Também a partir do porto Estirão haverá uma extensão do passeio até o corixo das Conchas, com a mesma abordagem do corixo Moquém.
Feito de barco em toda a sua extensão, podendo usar barcos a remo no corixo das Conchas.
Baía do Pito/posto São Joaquim
 
O porto Estirão será a via de acesso até a grande baía do Pito, a maior da RPPN. A partir da estrada entre o porto e o posto São Joaquim, toma-se um acesso à baía do Pito. Nesse local, uma palafita com teto e sem paredes, a ser construída, permitirá ao visitante conhecer a dinâmica de um ambiente aquático pantaneiro nos diversos períodos do ano.
Após a baía do Pito, retorna-se à estrada do posto São Joaquim e toda a baixada cuiabana é atravessada de oeste para leste, cruzando ambientes permanentemente ou estacionalmente inundados, como os cambarazais de leste, até a região do posto, onde começa a mata do Bebe, jamais inundada. O posto é uma antiga sede de fazenda de gado pantaneira, recuperada e permite uma visão histórica da ocupação da baixada cuiabana pela atividade pecuária.

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